De onde vêm as dificuldades em aprender?

Miúdos e graúdos,

a ideia de que uma criança pode ter uma dificuldade de aprendizagem assusta qualquer criança, pai, mãe ou professor. Para além disso, quando realmente esta existe, muitas vezes, há uma confusão em distinguir uma dificuldade de aprendizagem de uma dificuldade de aprendizagem específica e, no fim, acabam as crianças, por serem chamadas de “totós” o resto da vida.

Ambos os termos têm “dificuldades de aprendizagem”, no entanto, são diferentes.

Agora perguntam vocês por aí: então mas se tem dificuldade em aprender que diferença faz saber de onde vem essa dificuldade?

Ponto 1. Perceber a origem das dificuldades, ajuda os graúdos a perceberem que mudanças ou estratégias podem usar para ajudar as crianças. Quem não as tenta ou quem as teme porque dão trabalho, são os verdadeiros totós.

Ponto 2. Permite ajustar as expetativas, ao longo do tempo, das crianças e dos que as acompanhem diariamente, ajudando a aceitar que todos temos o nosso ritmo e as nossas dificuldades.

Clarifiquemos então os dois termos:

Dificuldades de aprendizagem

Dificuldades relacionadas com ensinos mal estruturados, ambientes mais desfavorecidos ou perturbações emocionais, deficiência visual, auditiva ou motora, por exemplo.

Dificuldades de aprendizagem específicas

Dificuldades relacionadas com problemas no nosso cérebro que atrapalham os processos relacionados com a escrita, leitura, organização e estruturação de texto e o raciocínio matemático.

Que tipo de dificuldades de aprendizagem específicas podemos encontrar?

Podemos falar em quatro tipos principais: dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia.

Quais os sinais mais claros a que devo estar atento ?

Dislexia – dificuldades ao nível da leitura.

“Esquecem-se” ou escrevem com mais letras ou sílabas, lêem ou muito depressa ou muito devagar (fluência), lêem coisas que não existem e não lêem coisas que existem, e têm dificuldades em ligar uma letra ou sílaba (grafema) ao respetivo som (fonema).

Disgrafia – dificuldades na produção motora da letras.

A caligrafia é conhecida por ser “terrível” ou “vergonhosa” no que diz respeito ao seu tamanho, ao espaçamento e alinhamento entre letras e à orientação das letras.

Disortografia –  dificuldades na produção de texto

Aparecem as dificuldades em organizar e planear um texto,  na precisão da ortografia, no uso da pontuação e dos conceitos gramaticais.

Discalculia – dificuldades na matemática

Inclui dificuldades em reconhecer números, em aprender conceitos matemáticos, em fazer cálculos mentais.

Existem outros sinais a que devo estar atento ?

Sim, existem. Junto com os sinais referidos anteriormente, podemos encontrar baixa tolerância à frustração, impulsividade, agressividade, baixo auto-estima, agitação psicomotora,  dificuldades na coordenação visuomotora (controlar os movimentos da mão com a visão), na perceção visual (capacidade em interpretar a informação que lhe chega), em completar tarefas, manter a atenção e na orientação espacial.

Estas dificuldades não estão de todo associadas a um baixo Q.I. ou baixas condições sócio-económicas! Mas sim com processos que decorrem no nosso cérebro!

Apesar de distintas, é importante percebermos que todas as dificuldades de aprendizagem sejam específicas ou não podem ser um desafio para a criança e também para quem a acompanha e procura ajudá-la a ultrapassar as suas dificuldades. Tal como para a criança, para aquele que procura ajudá-la, tomando esta “luta” com a criança, a paciência é testada ao limite e a frustração também aparece. E isto, é normal e não tem mal nenhum. Ao menos, preocupam-se em dar o seu melhor por aquela criança!! Isso já é de valor!

Quanto mais cedo a criança souber como lidar com estas dificuldades (específicas ou não), trabalhando de forma lúdica e rotineira sobre as mesmas e reconhecendo-as como um novo desafio, mais sucesso terá e aprenderá que com esforço e dedicação se pode mudar muita coisa!  🙂

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Psicomotricista, apaixonada por conhecer e partilhar. Autora do blog 'Mais q'Especial'.

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Beatriz Pereira

Psicomotricista, apaixonada por conhecer e partilhar. Autora do blog ‘Mais q’Especial’.