“Os meus alunos são tagarelas!” ou “Ele fala pelos cotovelos!” são algumas das frases frequentes que oiço de pais, professores, auxiliares, etc.
Se por um lado percebo que estar com uma criança ou um grupo de crianças que estão constantemente a falar e que não conseguem respeitar o tom de voz dito normal num espaço com outras pessoas é difícil, por outro reconheço que são crianças que só podem aprender a saber estar e a “falar” se lhes ensinarmos, se lhes dermos o exemplo, se lhes mostrarmos que conseguem saber estar e “falar” pelo reconhecimento num preciso momento em que sabem estar e “falar”.
Se por um lado entendo que nem sempre temos forças ou tolerância – porque somos humanos, não super-humanos – para saber lidar com calma nestas situações de maior confusão, também reconheço que a noção de tempo das crianças, a noção de confusão, a dificuldade em gerir os impulsos, a necessidade de conhecer e querer ligar-se ao outro amiguinho, também faz parte do desenvolvimento.
Como forma de vos passar algumas ferramentas de apoio para as vossas casas e/ou salas de aula, deixo aqui algumas dicas sobre como captar a atenção das crianças, ajudando-as a saber estar e “falar” com calma e ordem no espaço:
- 1 – Combinar um gesto ou ação com a(s) criança(s) e associá-lo à necessidade de retomar a atenção ou diminuir/eliminar o ruído: Ao associar o gesto, a criança abstrai-se do que está a fazer ou do que está a dizer, estabelecendo de seguida uma associação entre o gesto e o comportamento pretendido. Exemplo: bater palmas e eles têm de bater palmas de seguida; “Quem estiver atento toca na ponta do nariz/tapa os olhos”;
- 2 – À medida que a(s) criança(s) for restabelecendo o silêncio e a calma, diga “ahhh estou a ver que afinal lembram-se de como é manter a calma e estar em silêncio. Fico feliz de verem que sabem como fazê-lo! Vamos continuar a praticar?”
- 3 – Faça uma gestão de expetativas, empenhe-se em perceber a etapa de desenvolvimento da criança, há crianças que estão numa fase muito exploratória, outras ainda estão numa fase egocêntrica, outros viveram experiências que outros não, etc;
- 4 – Tenha momentos de descontração entre atividades como uma adivinha/piada/música, com questões de coisas que sabe que todos sabem;
- 5 – Fale com motivação, com gestos e expressando sempre pela sua linguagem verbal e não verbal que acredita nas capacidades da(s) criança(s).
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