Já ouviram falar de disfunção sensorial? Estamos perante uma DISFUNÇÃO SENSORIAL quando o cérebro não interpreta correctamente as sensações do próprio corpo ou do ambiente.
Mas vamos começar do início!!!
Os nossos sentidos são fundamentais para o nosso desenvolvimento como seres humanos.
Através do paladar reconhecemos sabores, da visão aquilo que vemos ao nosso redor, da audição o que ouvimos, do tato aquilo em que tocamos ou o que nos toca, da proprioceção a forma como o nosso corpo está posicionado, os músculos que estão a ser utilizados e os que não estão e, por fim, pelo sistema vestibular mantemos o nosso equilíbrio e reconhecemos a velocidade e a direção dos nossos movimentos. E depois? Perguntam vocês. Pois bem, esta informação é essencial para o nosso comportamento e para as nossas aprendizagens no nosso dia-a-dia!
O processo de organização e interpretação por parte do nosso cérebro sobre as informações sensoriais do ambiente e do nosso próprio corpo tem o nome de INTEGRAÇÃO SENSORIAL, e é através dele que aprendemos a reagir a estímulos e a procurar outros levando-nos a conhecer o mundo.
De uma forma muito prática, após dar entrada no nosso cérebro o registo/alerta de um estímulo, ocorre: a modulação sensorial, onde é retirada informação sobre a sua intensidade e duração; a discriminação sensorial, onde é classificada a qualidade, a quantidade, o tamanho, a forma do estímulo; a práxis, em que com base nas informações retidas anteriormente, conseguimos pensar numa resposta ao estímulo, planear essa resposta e executá-la como uma ação motora, o que se traduz, por sua vez, num comportamento.
Quando estamos perante uma disfunção sensorial?
Por vezes, o indivíduo não é só trapalhão ou muito tímido, por vezes, o indivíduo não é mal-educado por tapar constantemente os ouvidos, por vezes, o indivíduo não é teimoso por se recusar a tocar em algo. Muitas das vezes, há uma razão lógica para tais comportamentos – uma DISFUNÇÃO SENSORIAL, que lhes condiciona a aquisição de novas aprendizagens, as relações com os pares e o seu desenvolvimento emocional.
Nesta tabela apresento-vos alguns comportamentos e dificuldades do dia-a-dia que poderão traduzir uma disfunção sensorial:
No fundo estes comportamentos e dificuldades estão associadas a três possíveis “curto circuitos” no processo de informação sensorial, conduzindo a três categorias de disfunções sensoriais:
Perturbação de modulação sensorial
No fundo, nesta perturbação verifica-se uma dificuldade em responder de forma adequada a um estímulo pois o nosso cérebro não consegue interpretar corretamente a sua intensidade, natureza e duração.Quando um indivíduo apresenta uma reatividade excessiva a um estímulo (hipersensível) ou uma reação reduzida ou nula a um estímulo (hiposensível) estamos perante uma perturbação de modulação sensorial. Enquanto os indivíduos hiposensíveis procuram tocar em tudo, vão contra objetos, pessoas ou paredes, são impulsivos e, por vezes, agressivos, os indivíduos hipersensíveis evitam tocar ou ser tocados, são passivos e procurar evitar realizar movimentos.
Perturbação de discriminação sensorial
Quando os indivíduos têm dificuldade em interpretar um estímulo, não conseguindo concluir que tipo de informação é. Estes indivíduos, por exemplo, não conseguem diferenciar texturas sem olhar para as mesmas, não diferenciam facilmente sabores ou cheiros, têm dificuldade em procurar objetos, confundem letras ou números, têm dificuldade em distinguir velocidades ou direções, poderão ser “desajeitadas”, com dificuldade em medir a força que aplicam para manipular um objeto ou tocar numa pessoa.
Perturbação Motora de Base Sensorial
Neste tipo de perturbação, encontramos dois subtipos: a perturbação postural e a dispraxia.
Na perturbação postural, o indivíduo tem dificuldade em manter o seu corpo estável durante o movimento apresentando um tónus muscular reduzido, fraqueza muscular, dificuldades em manter-se contra a gravidade, em rodopiar e manter o equilíbrio.
Na dispraxia, os indivíduos têm dificuldade em planear, sequenciar e executar uma ação motora. Isto traduz-se em descoordenação motora, dificuldade em calcular distâncias, falta de controlo da sua força aplicada, dificuldades em pensar numa resposta motora nova, dificuldade em atividades de praxia global como andar de triciclo, correr, contornar objetos, dificuldades em atividades de praxia fina como pintar, escrever e dificuldades na linguagem.
Que estratégias se podem utilizar?
Certamente, estarão a ler este artigo e a lembrar-se de alguém que apresenta algumas destas dificuldades. Pois bem, para além de vos aconselhar a procurarem um especialista nesta área da integração sensorial, há sempre pequenas estratégias que poderão ser fundamentais para diminuir as dificuldades, a ansiedade e a insegurança destes indivíduos:
– Utilizar atividades lúdicas e de simulação da vida real. Ex: Numa criança que destes pentear o cabelo ou tocar na areia/tinta, peçam-lhe que escove o cabelo de uma boneca ou que ajude a boneca a tocar na areia/tinta;
– Apresentar os estímulos sensoriais por curtíssimos períodos de tempo e, progressivamente, aumentar o tempo de contato com os mesmos. Ex: A um indivíduo com pavor de fogo de artificio, devido ao som, mostrem vídeos sem som do fogo, deixem-no ver as cores, os desenhos que se formam e, aos poucos, apresentem-lhe um pouco do som;
– Procurar ter espaços calmos com objetos onde o indivíduo consiga decidir por si só onde toca e sentir-se seguro sobre o que lhe poderá tocar;
– não obrigar a tocar, cheira, ver, ouvir, mover-se, entre outros para que não crie aversão à atividade nem realize uma associação negativa entre a pessoa que o apresenta ao estímulo e o próprio estímulo.
Estavam à espera que um “curto circuito” no processo que trata das informações dos nossos sentidos provocasse tanto transtorno? Pois é… eu disse que os nossos sentidos são mesmo essenciais!!! =)
Bom dia,
Tem formação específica nesta área?
Olá Andreia,
Não tenho formação específica na área mas posso indicar-lhe quem tenha.
A terapia da integração sensorial deverá ser realizada única e exclusivamente por técnicos com formação nesta área. A sua aplicação de forma inadequada poderá trazer consequências negativas para a criança.
Em Portugal apenas alguns terapeutas ocupacionais possuem esta formação.
Olá Ana,
Sim, esta terapia deverá ser aplicada por terapeutas que tiram formação específica nesta área.
Boa tarde, será que me pode indicar alguém com formação nesta área em portugal e onde? O meu email é Sofia.andrea@ Gmail.com
Muito grata
Olá Andrea,
Posso aconselhar-lhe as formações da Forbrain, da 7 senses ou da ZenSenses.
Espero ter ajudado.
beijinho
otimo
Obrigada Gislene!
Olá Beatriz, Boa tarde!
Meu filho tem uma dificuldade na alimentação tremenda, tem uma alimentação muito restrita. Será que ele tem uma disfunção sensorial?
Olá Ana,
Espero que esteja bem! 🙂
Pode ser que sim ou pode ser que não.
Em caso de dúvida, peça uma avaliação ou consulta com um terapeuta ocupacional de preferência numa clinica multidisciplinar, ou seja, onde também exista um nutricionista.
Quando digo que pode ser que não seja, é porque na educação há hábitos que se estabelecem e que as crianças adquirem. E quando queremos introduzir algo novo, apresentar uma grande resistência…e, por norma, cedemos. Neste caso a alimentação é algo que nos leva muita vez a ceder junto da criança, porque só queremos que esteja alimentada.
O melhor é sempre pedir uma avaliação para melhor perceber de onde vem a dificuldade/necessidade.
Beijinhos 🙂
Boa noite Beatriz!
Desculpe estar a responder ao seu post mas acho que só deveremos falar das coisas quando temos a certeza do que estamos a falar para não induzir em erro quem pouco ou nada sabe e vem ler as coisas e não sabe filtrar informação filedigna ou não.
Integração Sensorial apenas pode ser realizada por terapeutas ocupacionais que tirem a especialização da mesma e apenas a 7senses está habilitada a dar a formação ou a Escola de Alcoitao!
Forbrain e zensenses dão formação de estimação sensorial/snoezelen e qualquer pessoa pode tirar as formações … São áreas e coisas completamente diferentes, não vamos confundir as pessoas ou colocar tudo no mesmo saco!😉
Olá Sofia,
Agradeço o seu comentário. Em momento algum no texto, indico que faço tenho toda uma intervenção ligada à integração sensorial e aliás, sou a primeira a encaminhar e orientar casos de crianças para Terapeutas Ocupacionais com Especialização na área quando se trata de questões ligadas a Integração Sensorial porque o importante é garantirmos que as crianças tenham o acompanhamento mais adequado às suas necessidades e junto dos que mais conhecimento detêm sobre a área menos forte em questão. 🙂
No entanto, isso não faz com que não possa falar, estudar e dar a conhecer aquele que é um conhecimento de que detenho pela minha própria formação académica e também por aposta em formação e estudo que faço em termos profissionais. Cada artigo escrito por mim é devidamente planeado, refletido e com base em fontes fidedignas. Se há alguma informação com que não concorde, se há informação cujo estudos já provam agora o contrário ou que agora está mais clarificada de outra forma no presente, é outra questão.
Ainda relativamente ao que refere em relação às formações existentes e à sua diferenciação, agradeço o seu esclarecimento, e compreendo que sejam diferentes no entanto partilhei essas mesmas formações (nos comentários anteriores) para que quem for à procura, seja o próprio a retirar essa conclusão explorarando as várias formações e relacionando-as com o verdadeiro objetivo/o verdadeiro conhecimento/a verdadeira ferramenta que quer obter: integração sensorial ou estimulação sensorial/snoezelen, neste caso. 🙂