Vamos a um pote de sinceridade?
Sabe ou não sabe bem simplesmente fazer a vontade para termos 5 minutos de paz e sossego durante o dia que tantas vezes começa com as galinhas? Sabe ou não sabe bem simplesmente fazer a vontade para voltarmos a sentir que vivemos apenas num mundo de adultos, em que conseguimos conversar durante horas com os nossos amigos, sem sermos interrompidos? Sabe ou não sabe bem, safarmo-nos de termos toda a gente a olhar para nós no supermercado porque a criança está a fazer uma birra furacão?
É bom sim. É verdade. Alivia-nos naquele momento do stress, permite-nos ter a sensação de calma, de controlo momentâneo, de escapatória, de liberdade, de conquista.
Acontece que esta sensação é apenas de curta duração. E a cada vez que habituamos as nossas crianças a ter tudo no momento em que pedem e da forma que querem, estamos apenas a ensinar-lhes que podem conseguir tudo sempre dessa forma: seja interrompendo incessantemente as conversas do adulto, berrando pela sua vontade mesmo que esta a coloque em perigo ou não seja adequada às circunstâncias, esperneando no supermercado porque esta semana quer outra boneca e…tantos outros comportamentos que surgem porque acreditamos que a criança “é muito teimosa” ou “muito difícil” e achamos que a criança tem todo o poder sobre nós.
Será que é isso que queremos? Ajudar a criança a tornar-se num adulto que terá dificuldades em escutar o outro, em cooperar com o outro, trabalhar em equipa, seguir regras, gerir impulsos e pesar riscos e condicionantes? Nem precisam responder: eu sei e acredito que não!
Vou explicar-vos algo pedindo-vos que não pensem na criança e sim no cérebro da criança: ao longo do crescimento da criança, o cérebro vai guardando aprendizagens após ligações que se dão dentro desta “caixinha” tão preciosa. Se formamos ligações com base em “fazermos a vontade”, a aprendizagem que fica no cérebro da criança é que é assim que se faz e se consegue as coisas na vida!
Então o que fazer para que o cérebro seja nosso aliado?
- Seja gentil e firme ao mesmo tempo. Não é preciso humilhar, castigar ou magoar a criança e sim validar que percebemos o que ela quer e sente (ser gentil). No entanto, nesse momento temos também de ser firmes mostrando respeito por nós próprios, certeza sobre a nossa decisão e, acima de tudo, segurança de que não vão ceder à criança.
- Mostre que está a verdadeiramente a escutar a criança e mostre-lhe a lógico do “porque agora não pode ser assim”. As crianças surpreendem quando sentem que estas explicações são realmente importantes para os adultos que estão com elas.
- Em caso de birra, coloque-se ao nível dos olhos da criança, comunique novamente e com calma a sua decisão, explique o porquê e valide que percebe o que ela pode querer e o que está a sentir. Se a birra se tornar daquelas birras-furacão: em crianças pequenas, deve acolher no colo, retirar a criança daquele espaço e desviar a sua atenção para outro estímulo; em crianças mais crescidas (a partir dos 3 anos), não ceda, e afirme à criança com calma que poderão voltar a falar no assunto quando a criança se acalmar, e que se precisar de ajuda para se acalmar estão ali ao lado.
Ponto fundamental: quanto mais cedo, se mantiver firme no que diz respeito a “não fazer as vontades todas às crianças” mais rapidamente e naturalmente a criança irá perceber as suas decisões. Se sabe que tem por hábito “ceder às vontades” da criança aí em casa, não desista. É tudo uma questão de reeducação e de refletir sobre a influência que esta atitude terá no futuro da criança!
Um beijinho,
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